5.9.10

Palavricas

'Temos a internet, e muitos nem entram para ler um texto sobre flamenco. Isso não quer dizer que antes era melhor, e hoje pior. Simplesmente era diferente. Hoje é preciso ter o dobro de cuidado, de critério, de ética.' Deborah Nefussi, para Flamenco Brasil.

Sobre Cursos Internacionais e Mercado

Deborah Nefussi: Eu me lembro quando a China veio a primeira vez - fazíamos o curso, mas não saíamos por aí dançando uma semana depois. Não sei se era mais difícil para nós na época, mas levávamos tempo para estudar esse material. Não dançávamos toda a coreografia, pegávamos pedaços e adaptávamos. Hoje, não, é ipsis litiris. Não estou criticando, porque eu também faço isso. Mas não paramos para montar algo nosso. Talvez o motivo disso acontecer com maior freqüência seja porque agora tem mais cursos. Só neste semestre aconteceram cinco cursos - Inmaculada Ortega, Pol Vaquero, La China, La Talegona e Rafaela Carrasco* (*nota da redação: acontecerá em junho).

Flamenco Brasil: Quando esse número de cursos internacionais não acontecia nem em cinco anos...
Deborah Nefussi: Tem muito material! Eu me pergunto porque existe tanto medo de pegar o fundamental que esse profissional está dando, e pensar, por exemplo, na estrutura do baile, no recorte da letra. Por que não, depois, criar a sua? É que a gente pensa, se o fulano fez, tudo o que eu fizer será pior do que ele faz. Preferimos, então, interpretar o que é dado e, depois, passamos isso aos alunos. É uma pena, porque não vejo mais coreografias nossas.


Talita Sanchez - Adoro escutar um cante, uma falseta, a música e ver a reação do que sinto por ela. Meu primeiro contato com um novo passo, baile, é improviso. Vejo o que sai do meu coração, o mais puro, direto da alma, nada criado de antemão. Depois, se gosto, lentamente tento estudá-lo e aprimorá-lo até chegar a algo que coloque no palco. Para isso tenho que andar sempre com a câmera, para poder gravar os improvisos e lembrar do que fiz depois. Se por acaso não tenho inspiração, e tenho que montar rápido, procuro ver passos que já aprendi e muitos vídeos de outros bailaores que me inspiram. Mas sou partidária de não ser uma repetidora e tento sempre criar algo novo ou, pelo menos, modificar algo de um baile já aprendido.

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